terça-feira, 13 de abril de 2010

Confiança

A confiança é uma espada de dois gumes. Uma arma extremamente poderosa, mas impiedosa quando mal manuseada. Da mesma forma sublime com que é capaz de proporcionar uma incomensurável satisfação e uma cumplicidade quase palpável, é também capaz de eviscerar qualquer laço forjado, por mais sólido e resistente que pudesse em tempos parecer.

Eu confio nas pessoas. Sempre confiei. Provavelmente preciso de me escaldar mais um sem número de vezes até que isso deixe de ser uma predefinição da minha forma de encarar a vida e todas as pessoas que por ela se passeiam. Bem sei que essa minha atitude é bastante irresponsável, e incoerente, quando comparada com a minha forma por vezes demasiado racional de ver as coisas, mas eu, tal como a vida sou feito de contradições e provavelmente estaria a ser bem mais irresponsável se tentasse ir contra a minha natureza.

Ainda assim, e penso não me estar a contradizer, seria um individuo bastante estúpido e obtuso se não aprendesse algo através das circunstâncias em que de forma contundente e cirúrgica me apercebo que essa confiança foi mal depositada.

Não quero com isto dizer que não sou a favor de segundas oportunidades, o problema é que para estas serem concedidas, por vezes é preciso provas, provas difíceis de dar, provas difíceis de reconhecer, provas que só somos capazes de aceitar passada uma quantidade à partida indeterminada de tempo. O tempo não espera por ninguém. Depois desse tempo passar, se calhar, essa confiança já nem é assim tão importante. E no caso de ser? Será que o passado traiçoeiro não minará inevitavelmente esses laços reforjados? Será que é de facto possível voltar a confiar? Não sei, o melhor é mesmo nunca perder essa confiança...


R.

3 comentários:

  1. Confiança..que palavra mais complicada e trabalhosa!

    Confiança = Dor (sem dúvida alguma)
    Quando não estamos a espera é quando a dor aparece e depois disso, no meu caso, é revoltante, tenta.se passar a frente mas fica sempre em pensamento, e muitas vezes as pessoas magoam as outras sem darem conta como se nada fosse.

    Apoio, protecção, amizade.....pode.se tudo destruir num minuto ou até mesmo num segundo!

    X.O.X.O

    Dy!

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  2. Podes tentar com segundas oportunidades mas há sempre um pé que fica atrás. Quando damos um dedo e arrancam-nos um braço isso acaba inevitávelmente por doer. E a dor nunca andou de mão dada com a confiança. E por mais que tentes, tal como descreve a crónica do Alvim que em tempos postei, o ódio (dor) é sempre mais difícil de esquecer do que o amor.

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  3. ouvi já nao sei onde uma cena bué cliche que era.. "trust is like a mirror. you can fix it but you can still see the cracks in the reflection"
    é mais ou menos assim. lá está. relatividade. (muito gosto eu desta palavra)

    e agora gostava de fazer um comentario parvo, de indole puramente técnica, que é.. uma cena contundente nao é cirurgica. a nao ser que o cirurgião seja um ganda sapateiro!
    (bate-me! pff..! )

    *m

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