terça-feira, 20 de abril de 2010

As dores do crescimento

Crescer dói. Às vezes é uma dor parecida com aquela que se tem quando estamos doridos. Outras vezes é uma dor irritante, sinónimo de “velhice” ou o resultado de um qualquer trambolhão ridículo que se deu. E por vezes é aquela dor dilacerante, que deixa marcas, e que mais tarde ou mais cedo nos acaba por fazer sentir vazios e angustiados.

A dor é também sinónimo de vida. Sinónimo de aprendizagem, mudança, evolução e, Crescimento. Tudo o que vale a pena custa sempre alguma coisa, por isso é que crescer ás vezes faz tanto doer.


R.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Solidão

Um problema dilacerante. Um bem indispensável. Um vício perigoso. Um medo difícil de ultrapassar. Não raras vezes sinto-me sozinho. Não raras vezes apetece-me estar sozinho. Não raras vezes abdico de companhia para estar sozinho. Não raras vezes tremo só de pensar que estou sozinho.

Todos, uns mais, outros menos, precisam de momentos de solidão. Momentos esses onde apenas nos encontramos acompanhados com os nossos medos, as nossas dúvidas, as nossas alegrias, as nossas fantasias, em suma, acompanhados por todos os pequenos e grandes elementos que nos definem enquanto pessoas. Esses momentos de solidão podem proporcionar instantes de introspecção (algo tão importante mas por muitos tão pouco utilizado), instantes esses onde nos podemos analisar e tentar perceber o que de facto somos.

Fazer isto enquanto estamos sozinhos tem uma grande vantagem, não temos de impressionar ninguém, não temos de afrontar ninguém, podemos ser de facto sinceros. Sim, porque não nos vale de muito tentarmo-nos convencer de algo que não somos. É inevitável que, mais tarde ou mais cedo, esse disfarce seja destruído. Temos de nos saber conhecer, temos de nos saber descobrir, temos de ser capazes de compreender as implicações da nossa conduta e estarmos preparados para enfrentar as consequências inerentes à nossa singularidade. Isto, evidentemente, no caso de nos importarmos com isso, o que não raras vezes não acontece...

Tendo tudo isto em consideração, acho que posso dizer que é bom utilizar a solidão para melhor saber aproveitar todos os momentos em que não estamos sozinhos. No entanto,é preciso ter cuidado, tudo o que é demais, é prejudicial. Não fomos feitos para estar sozinhos, só acompanhados podemos crescer.


R.

Calma, Descontracção e "Estupidez" Natural

Eu penso demasiado. E, por vezes, as melhores decisões provêm de momentos de descontracção, surgindo quase que como de epifanias se tratasse, raros momentos de enlightment por vezes apenas possíveis quando nos encontramos calmos e totalmente abertos ao somatório de tudo aquilo que nos rodeia. E para mais facilmente atingirmos esse estado de descontracção, nada nos ajuda mais que uma dose certa de "estupidez" natural. Ridicularizamos os nossos males, e, com algum humor, tornamos engraçadas pequenas situações que tendem a não parecer ter piada alguma. Afinal a estupidez, quando bem usada, pode ser um sinal de inteligência e incaracterística prudência. Estranho, não?

Breathe, relax and let it flow...


R.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Confiança

A confiança é uma espada de dois gumes. Uma arma extremamente poderosa, mas impiedosa quando mal manuseada. Da mesma forma sublime com que é capaz de proporcionar uma incomensurável satisfação e uma cumplicidade quase palpável, é também capaz de eviscerar qualquer laço forjado, por mais sólido e resistente que pudesse em tempos parecer.

Eu confio nas pessoas. Sempre confiei. Provavelmente preciso de me escaldar mais um sem número de vezes até que isso deixe de ser uma predefinição da minha forma de encarar a vida e todas as pessoas que por ela se passeiam. Bem sei que essa minha atitude é bastante irresponsável, e incoerente, quando comparada com a minha forma por vezes demasiado racional de ver as coisas, mas eu, tal como a vida sou feito de contradições e provavelmente estaria a ser bem mais irresponsável se tentasse ir contra a minha natureza.

Ainda assim, e penso não me estar a contradizer, seria um individuo bastante estúpido e obtuso se não aprendesse algo através das circunstâncias em que de forma contundente e cirúrgica me apercebo que essa confiança foi mal depositada.

Não quero com isto dizer que não sou a favor de segundas oportunidades, o problema é que para estas serem concedidas, por vezes é preciso provas, provas difíceis de dar, provas difíceis de reconhecer, provas que só somos capazes de aceitar passada uma quantidade à partida indeterminada de tempo. O tempo não espera por ninguém. Depois desse tempo passar, se calhar, essa confiança já nem é assim tão importante. E no caso de ser? Será que o passado traiçoeiro não minará inevitavelmente esses laços reforjados? Será que é de facto possível voltar a confiar? Não sei, o melhor é mesmo nunca perder essa confiança...


R.

Imaginem que isto é um título decente

Fúria. Calma. Amor. Ódio. Fogo. Gelo. Vitória. Derrota. Nojo. Tesão. Tudo palavras, simples palavras, vazias, desprovidas de significado ou contexto... A não ser que lhes haja um sentimento associado. Aí o caso muda de figura. Sentimentos paradoxais, para alguns provavelmente até incompatíveis, mas, para outros, algo que lhes é inerente, e que os acompanha no dia a dia, algo que lhes é intrínseco. Eu sou um desses tristes felizardos, um reservatório de sentimentos divergentes duma forma estranha e dubiamente convergente.

"GUNS!!!RAZORS!!!KNIVES!!!"

Agressão. Carinho. Sofrimento. Prazer. Desprezo. Preocupação. Desespero. Tranquilidade. Tristeza. Alegria. Tudo são verdades, todas me preenchem, guardo cada uma delas dentro de mim, mas nem sempre as partilho. Provavelmente devia fazê-lo, abrir um pouco desse metafórico reservatório, partilhando de igual forma o mau e o bom, o bonito e o feio, não pelos outros, mas por mim, pelo meu bem. Alguém de forma sensata e simples disse-me uma vez "Eu sei o meu valor", eu no fundo também sei o meu, embora ás vezes o ignore, embora ás vezes faça o que detesto que me façam, subestimar esse valor.

"GUNS!!!RAZORS!!!KNIVES!!!"

Indiferença. Estima. Malícia. Inocência. Hipocrisia. Genuinidade. Cepticismo. Fé. Traição. Confiança. Hum... Tenho muita coisa má dentro de mim. Será que tenho? Será que não me estou a armar em esperto e tento de forma fútil e infantil enganar-me a mim próprio? Ou será que tenho um Tyler Durden dentro de mim prestes a rebentar? Será que algum dia serei aquilo que tenho a certeza que não sou? Muitas perguntas. Perguntas essas demasiado pseudo-profundas para o meu gosto, se bem que por vezes a pseudo-profundidade pode ser de facto profunda, depende unicamente dos olhos de quem a vê, e dos olhos de quem a sente.

"GUNS!!!RAZORS!!!KNIVES!!!"

Acabaram-se os antónimos, não me apetece mais expor parte daquilo que me constitui, ou talvez, bem vistas as coisas, estive a falar daquilo que me rodeia nada dizendo sobre mim. Ou quem sabe, um misto de ambos... Os mais perspicazes serão capazes de discernir. Uma coisa é certa, ser dúbio e incoerente sabe-me bem, faz-me sentir humano, faz-me saber que sou normal e especial ao mesmo tempo, tal como toda a gente é (uns mais que outros claro). O problema é que nem sempre o que nos torna especiais é bom. Ás vezes é substancialmente mau, constato isso ocasionalmente, mais vezes do que gostaria.

"GUNS!!!RAZORS!!!KNIVES!!!"

Apesar de tudo sinto-me calmo, sereno até. É difícil para mim escrever, muito provavelmente porque exijo demasiado de mim próprio, ainda sou maçarico nestas andanças e estou claramente a mandar-me para fora de pé. Eu sou assim mesmo, quando faço alguma coisa por gosto sou exigente comigo. Exijo dos outros aquilo que exijo de mim, nem mais nem menos. O busílis reside no facto de eu saber que as minhas expectativas em relação aos outros são demasiado elevadas, e salvo raras mas honrosas excepções, no fim deixam-me claramente agarrado. Tenho de aprender a não esperar dos outros aquilo que eles não tem capacidade para dar, mas eu sou assim, tenho os padrões elevados. Acabei por não escrever tudo o que queria. Não faz mal, talvez seja melhor assim, a relativização é a chave da sobrevivência e nem todas as vicissitudes inerentes à vida de uma pessoa são merecedoras de uma apropriada e sangrenta dissecação.

Vou fumar um cigarro, só tenho pena que não esteja a chover...


R.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Hedgehog's Dilemma

Intimidade Humana. Será possível, por mais boa vontade que haja, haver verdadeira intimidade entre duas ou mais pessoas sem que ninguém se magoe no processo? O dilema do ouriço-cacheiro é uma analogia acerca dos desafios inerentes ás relações de intimidade entre os humanos. Remete-nos para a descrição de uma situação onde um grupo de ouriços se aproxima, para desta forma conseguir fazer face ao frio que os atinge. Terminada esta aproximação, os ouriços começam a afastar-se. Tiveram de o fazer, pois os espinhos que cobrem os seus corpos tornam essa mesma proximidade demasiado dolorosa para suportar. É certo que todos se aproximaram tendo em vista a partilha de uma transmissão de calor recíproca e mutuamente benéfica, no entanto, esta partilha não é de todo possível devido a circunstâncias e motivos impossíveis de evitar. O facto de estarem cobertos de espinhos.

Esta analogia serve para descrever a situação onde um qualquer indivíduo se pode encontrar numa relação com os outros. É sugerido que embora possa haver todo um conjunto de boas intenções, a intimidade humana não pode ocorrer sem que daí advenha uma mútua "agressão". Isto faz com que o "agredido" apresente um comportamento cauteloso quando confrontado com o início de uma aproximação a outra pessoa. Esta cautela pode ser sinónimo de egoísmo e altruísmo ao mesmo tempo, uma vez que este comportamento pode ser motivado por um desejo de auto-protecção, mas também como forma de tentar evitar magoar alguém.

Isto é tudo muito bonito, e bem vistas as coisas até faz bastante sentido, mas, enquanto seres sociais que somos, estamos a trair uma das coisas que melhor nos caracteriza enquanto espécie se abraçarmos esta perspectiva. Não quero com isto dizer que nos devamos entregar nos braços das outras pessoas de forma temerária e inconsequente, mas é importante que ocasionalmente fechemos os olhos, baixemos as defesas e nos limitemos a sentir. Com um bocadinho de sorte, os espinhos não estarão assim tão afiados quanto isso...

Shinji's Ikari's deste mundo, isto é para vocês.


R.

O Primeiro Post

Procrastinação. Gostaria de ter um motivo mais "profundo" (ou pseudo-profundo) para criar um blog, mas a verdade é que este acto de desinspiração divina se deve apenas ao facto de não me apetecer nada fazer aquilo que deveria estar a fazer.

Provavelmente existirão um sem número de outras coisas com que poderia ocupar o meu tempo (nunca fugindo muito à minha necessidade patológica de engonhar), mas ainda assim decidi criar um blog. Tendo isto em consideração, se calhar até acho que tenho alguma coisa a dizer, quer a mim próprio, quer a qualquer incauto leitor que com propósito ou por acidente, tropece nas minhas palavras.

Posto isto, impõe-se a pergunta: será que já que me apetece escrever não era melhor comprar um simples e eficaz diário? Não me parece. Se comprasse um diário, rapidamente me fartava dele (o que não significa que não me vá fartar disto também) e se comprasse o diário não me podia juntar ao vasto grupo de pessoas que acham que têm algo de importante para dizer (AKA: Bloggers) e fazem questão de "impor", de forma descomprometida, as suas escrituras, considerações, opiniões e idiossincrasias aos demais. Porque no fundo, e bem vistas as coisas, raros são os bloggers que têm de facto algo a dizer, sendo que, a maioria dos referidos utilizam este meio de comunicação como um simples espaço de masturbação mental, de culto da sua própria pessoa. Será que isto é mau? Não. Toda a gente se deve masturbar de vez em quando...

Kudos a quem me aturou enquanto eu procurava um nome e um layout para isto.


R.